Sou uma personagem fictícia perdida no mundo real.
Alguma coisa deu errada na hora da minha concepção: era pra eu viver dentro de um livro, um filme, uma canção, um quadro... Qualquer lugar do mundo das idéias.
Alguma coisa deu errada na hora da minha concepção: era pra eu viver dentro de um livro, um filme, uma canção, um quadro... Qualquer lugar do mundo das idéias.
Mas, sei lá, ou faltou algum ingrediente mágico ou a minha passagem extraviou.
E eu vim para aqui, em um lugar ordinário, perdida entre contas pra pagar e falta de dinheiro, com problemas tão mundanos quanto os das pessoas de verdade.
É estranho não pertencer ao lugar onde vivo.
Há uma sensação de vazio impossível de se preencher, porque o que falta não vende em loja nenhuma, nem sob encomenda.
Faltam luzes, cores, sons, rimas.
Falta o extraordinário e todos os seus sinônimos.
Uma pessoa abstrata não se dá bem com provas, afazeres, hora marcada, burocracia...
E eu viveria bem só de poesia, romances, música, tintas, sonhos...
Não é que eu tenha alma de artista, ou dom, ou qualquer coisa assim.
Eu não sou criador, sou criatura.
Uma personagem criada não sei por quem, que perdeu o roteiro e veio parar no mundo errado.
Condenada a viver sem encantamento, presa entre a consciência de se saber inapta para o mundo real e a necessidade de se adaptar a ele...
(2007)
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Estava procurando um diálogo que quero publicar há mais de ano, ou um texto de fragmentos de poesias da Fernanda Young que prometi publicar em 2007... mas não achei nenhum dos dois. Encontrei, no entanto, vários outrosque talvez eu publique depois, da época em que eu morava em Niterói, sem internet, mas com computador. Ah, que saudades.
Este aqui, apesar de antigo, ainda é a minha cara.
2 comentários:
lu, você é uma lenda. aquela personagem que veio ao mundo real só pra reinventar palavras
lu, vocë é minha poeirinha estelar
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