segunda-feira, 10 de setembro de 2012

As pequenas declarações são as mais sinceras

aquelas inesperadas,
feitas no dia-a-dia,
quase sem querer,
sem mais nem porquê.

aquelas nem tão explícitas
mas nem tão veladas
nem tão gestos
nem tão palavras


eu me declaro todo dia
mas ninguém ouve,
ninguém vê.

sábado, 5 de maio de 2012

Suficiente

Dá impressão de ser pejorativo,
mas não se engane com impressões:
É a medida certa,
quando não falta, nem extrapola,
quando se encaixa
p e r f e i t a m e n t e.

sexta-feira, 30 de março de 2012

ƒø∂@-$€

Eu não me importo. Nem um pouco. Nadinha mesmo.
Faz o que quiser da sua vida, pode acertar o carro em uma árvore, se jogar do alto de um penhasco, mudar pra Austrália, comprar um trator e viajar pra outro estado.
Eu nem me importo, nem ligo.
Pode casar, ter filhos, abrir um restaurante, pintar a casa de branco, colocar uma cerca, plantar uma goiabeira no quintal e comprar um cachorro.
Não me interessa, nem um pouquinho.
Pode namorar e noivar, escrever poemas e fazer serenatas. A vida é sua, não é problema meu. Pode tatuar o nome dela na testa, fazer juras de amor eterno, comprar todas as rosas do mundo e mandar entregar. Na casa dela.
Eu não me importo. Nem um pouco. Nadinha mesmo.
Mas também não quero saber.

Eu nem ligo.

Já falei que você pode se jogar do penhasco?

sexta-feira, 16 de março de 2012

Idiota

Sabe quando você tem uma ideia que poderia ter sido boa?, que poderia até ter sido ótima, excelente, se você tivesse pensado ontem, ou talvez amanhã, mas não agora, agora é uma péssima ideia e no fundo você sabe, mas você vai e insiste, porque é teimosa, e aí quando tudo dá errado, o mínimo que você pode fazer é ter a decência de não se fazer de indignada... Que nem quando você decide pintar as unhas dos pés de vermelho quinze minutos antes de calçar os sapatos e sair. Ontem teria sido ótimo, mas agora... tudo o que você tem são dez unhas borradas.

segunda-feira, 12 de março de 2012

Closure

Desculpa. Eu queria te amar, realmente queria... Até houve um tempo em que acho que amei, mas foi há tanto tempo, tantos anos se acumularam, tanta coisa aconteceu... Há séculos eu não sou mais aquela adolescente que te viu como uma criatura fantástica. Não, espera, não é bem assim. Você é ótimo e boa pessoa e tal, mas, naquela época, você era perfeito. Eu te via através dessas lentes cor de rosa e não havia defeitos, era você tudo o que eu queria, tudinho e até mais. Mas você embaçou minhas lentes, me fez tira-las, elas se empoeiraram, esquecidas num canto e, quando tentei recoloca-las, acho que quebraram. Não sei, ou elas perderam a cor, ou eu não gosto mais de rosa, ou a cor toda era minha e não delas... Sei lá. Agora vejo que você é ótimo sim, mas pra outra pessoa, não pra mim, nem de perto pra mim. Por mais que eu quisesse e, acredite, eu queria, eu queria querer, não temos nada a ver um com outro. Nadinha. Na verdade, acho que nunca tivemos, eu que me moldava a seu redor, acho que era feita de argila naquela época e ainda dava pra moldar, mas agora o barro criou forma, queimou, virou peça inteira, que não se encaixa na sua vida, nem como decoração. Meu Deus, como sou péssima em metáforas! Mas é isso, a ideia é essa: é melhor ficarmos assim, eu aqui, você aí, cada um no seu quadrado, com quase nada em comum. O que me consola é que você também não me ama, nem nunca amou. Você gostava de uma ideia e, sei lá, acho que eu nunca fui essa ideia, que, aliás, nem sei qual era! A gente se conhece faz o quê? Quinze anos? Quase isso? Mas de nada adianta tanto tempo, porque você não me conhece, você nunca nem se deu ao trabalho de tentar me conhecer. Já eu, quis saber tudo sobre você, e tentei, e descobri que você tem o umbigo do tamanho do mundo e não enxerga além dele. Eu sei que não é muito educado ou simpático chamar alguém de egoísta assim, na cara, mas é verdade, e talvez você precise de alguém pra te dizer isso, que você é egoísta e egocêntrico, porque você é, e não só em relação a mim. Você nunca se importou comigo de verdade e eu poderia ter ficado magoada, ressentida ou qualquer coisa, mas não, e foi aí que percebi que Eu também não te amo e que, quando achei que poderia tentar de novo e amar, não poderia estar mais errada... Eu achava que a gente podia escolher, que o amor era psicológico e bastava treinar a mente, mas descobri que, na verdade, é tudo coisa de pele, que nem frio: você sente ou não sente, não dá pra inventar. E é isso, acabou, adeus.

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

todo dia, tudo sempre igual

Toda manhã eu me despeço
acordo me sentindo sufocar
vou-me embora pra Passárgada,
pra Ilha do Sol, pra Califórnia,
Marajó, Irajá ou qualquer outro lugar.

Toda tarde me despedaço,
dispersa, sozinha em minha liberdade,
independente, vazia, sem sonhos ou poesia,
sozinha,
sozinha.

Toda noite me desfaço,
me disfarço,
finjo que não foi nada, que não fugi,
que não estou voltando...
mas volto,
e sempre peço,
sem orgulho, sem passado:
nunca mais me deixe partir...

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Pout pourri . Medley

[ATENÇÃO: O texto seguinte nunca pretendeu ser sério, ou sequer bom. Foi uma brincadeira, em 01/05/2005. Quer dizer, era uma grande ironia, uma piada interna que, se eu explicar, perde a graça, mas hoje reli e achei interessante. E, já que não tenho nada de novo pra escrever...]
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"É desconsertante rever o grande amor" 

É noite, e ela reacende todas as lembranças. Estava com saudades de beber Eric Clapton com você, que é luz, raio, estrela e luar. Tinha me acostumado a vê-lo todos os dias, e agora é difícil acostumar-me com o "de vez em quando". Minhas madrugadas nunca mais foram as mesmas desde que você partiu. Nunca mais vi o dia nascer feliz, com o mundo inteiro acordando enquanto a gente ia dormir. 

Depois de tantas indas e vindas com aquela com quem já tinha me acostumado, e da repentina obsessão pela outra, com a qual eu já estava me acostumando, surge uma nova. Não sei se posso agüentar. Eu quero estar na sua pele, me embriagar com seu perfume. Tenho ciúme dos seus olhos em outra direção. 

Minha vida sem você não tem sabor, não tem cor. Nem flor, não há. Não há nada que ponha tudo em seu lugar, eu sei, mas queria tanto lhe trazer pra mim... Você está no meu corpo feito tatuagem, que é pra me dar coragem pra seguir viagem quando a noite vem. Aonde quer que eu vá, levo você no olhar. 

O dia está amanhecendo... peço o contrário: ver o sol se pôr. Porque está amanhecendo se não vou beijar seus lábios quando você se for? 
Amanheceu. Olho pro céu e vejo como é bom ter as estrelas na escuridão. Espero você voltar, sem cansar. 

A verdade é que eu já conheci muita gente e até gostei de alguns garotos... Eu tenho mil amigos, mas você foi o meu melhor namorado. Depois de você, os outros são os outros. E só. Mas você me tem fácil demais e não parece capaz de cuidar do que possui. Você me diz o que fazer, mas não procura entender que eu faço só pra agradar. Porque de vez em quando você me esquece e some? Porque você me deixa tão solta? Porque você não cola em mim? E se eu me interessar por alguém? Estou me sentindo muito sozinha, meu amor, cadê você? Não tem ninguém ao meu lado... 

Então eu fecho os olhos pra não ver passar o tempo, sinto falta de você. Não estou ao seu lado, mas posso sonhar... Se eu queria enlouquecer, essa é a minha chance, é o romance ideal. O quê que há com nós dois, amor? Me responda e depois me diz por onde você me prende, por onde foge e o que pretende de mim. Eu queria saber te prender como você faz comigo. E ver lá no escuro do mundo, onde está o que você quer, pra me transformar no que te agrada, no que me faça ver quais são as cores e as coisas pra te prender. 

Eu te vi com ela, num sonho ruim, acordei chorando e por isso eu te liguei. Será que você ainda pensa em mim? Às vezes te odeio por quase um segundo, depois te amo mais. Teus pelos, teu rosto, teu gosto, tudo que não me deixa em paz... e eu estava em paz quando você chegou. 

Tenho feito tantas coisas pra enganar a solidão, mas eu sei que não tem jeito, é impossível te arrancar do coração! Porque é que você veio se não era pra ficar? Quem mandou você mandou deixar tanta saudade em seu lugar? E agora o que que eu faço se não existe igual a você? Eu não posso inventar outra paixão. Só no tempo e no espaço estou longe de você, porque sei que aqui dentro não vou te esquecer. Pode ser que eu esteja louca, me agarrando ao que passsou... Mas no fundo só um louco é que se entrega a um grande amor... 

E eu já conheço os passo dessa estrada e sei que não vai dar em nada. Eu já conheço as pedras do caminho e sei também que ali, sozinha, eu vou ficar tanto pior! Mas o que é que eu posso contra o encanto desse amor que eu nego tanto, evito tanto... e que, no entanto, volta sempre a enfeitiçar? E aqui fico eu, te adorando pelo avesso, pra mostrar que ainda sou tua.


Estou cansada, tão cansada... Mas não pra dizer que não acredito mais em você. Nem pra dizer que estou indo embora. Hoje eu quero sair só, eu tenho que ir pra rua... Talvez eu volte, um dia eu volto. Eu só eu preciso esquecê-lo, minha grande, minha pequena, minha imensa obsessão. 

Tudo era apenas uma brincadeira e foi crescendo, crescendo, me absorvendo... De repente eu me vi assim, completamente sua. Vi a minha força amarrada no seu passo, sem você não há caminho, eu nem me acho. Eu vi um grande amor gritar dentro de mim como eu sonhei um dia. Quando o meu mundo era mais mundo e todo mundo admitia uma mudança muito estranha, mais pureza, carinho, calma e alegria no meu jeito de me dar. Quando a minha voz se fez mais forte, mais sentida. A poesia fez folia em minha vida, você veio me falar dessa paixão inesperada por outra pessoa. Mas não tem revolta, não. Eu só quero que você se encontre. Saudade até que é bom... É melhor que caminhar vazio. A esperança é um dom que eu tenho em mim. Não tem desespero não, você me ensinou milhões de coisas. Tenho um sonho em minhas mãos, e amanhã será um novo dia. Certamente eu vou ser mais feliz!