sábado, 19 de fevereiro de 2011

*desliga você primeiro*

- Eu te amo

- Eu te amo mais

- Mentira

- Você não acredita que eu te amo.

- Acredito, mas eu é que te amo mais

- Claro que não. Eu é que te amo muito mais

- Como é que você sabe?

- Simples, é impossível que você me ame mais do que eu te amo. Amor maior não há.

- Impossível é que eu seja mais brega do que você... Fora isso, é claro que eu amo mais, você não tem como saber

- Mas eu sei

- Sabe como?

- Eu sei, oras, e isso basta.

- “E isso basta”, aff, que tipo de argumento mais vazio é esse?! Aliás, isso nem é um argumento: é um não-argumento. E dos ruins.

- Desculpa, eu não sabia que tinha que redigir uma petição, um ofício e um memorando explicando que eu te amo e chamar perícia pra mensurar o quanto amo.

- Deixa de ser bobo! Eu só estou dizendo que não tem como você saber se me ama mais do que eu te amo.

- Então como é que você pode dizer que me ama mais?

- Porque é evidente que amo.

- Evidente? Evidente como?

- Ah, eu sou mulher, mulheres sabem dessas coisas.

- Não vale atribuir ao gênero! Quer dizer que eu sou geneticamente incapacitado de amar mais? Isso é absurdo!

- Não é absurdo! Mulheres são notoriamente conhecidas por serem mais sensíveis e sentimentais. Daí, eu amo mais.

- Não, você deve estar se confundindo: mulheres são notoriamente conhecidas por serem menos razoáveis. Daí, você é louca. E eu amo mais.

- Ei, eu sou razoável!

- Então você me ama mais ou menos. Porque uma pessoa razoável, não é oito nem oitenta, é o meio-termo.

- Aff! Eu odeio quando você vem todo cheio de lógica pra cima de mim!

- Você quem pediu, eu estava simplesmente dizendo que eu sei que amo mais e isso basta. Você que não aceitou.

- Então tá, me diz, por que você me ama?

- Por que eu te amo? Porque sim, ora!

- “Porque sim, ora!”, você está cheio de não-argumentos hoje!

- Ai, lá vamos nós de novo pra petição, o ofício e o memorando… Eu te amo porque… porque… ah, já sei! Porque você é luz, é raio, estrela e luar…

- Aff! Meu iaiá meu ioiô, mesmo, a essa hora?

- Por que? Tem hora própria pra isso?

- Não, aparentemente qualquer hora é hora de ser brega…

- Que mania de me chamar de brega!

- Não é mania, é apenas a constatação de um fato.

- Tá bom, mas eu sou o seu brega.

- Ownnn... Agora para de fugir do assunto. Por que você me ama?

- Hmmmm... Sabe aquele poema do Camões? O mais conhecido, que diz que o amor é fogo que arde sem se ver, ferida que dói e não se sente, é um contentamento descontente, é dor que desatina sem doer… Então, é assim que eu sinto por você e só por você.

- Ah, que lindo! Citando Camões! Se eu já te amava mais antes…

- Que cisma!

- O que posso fazer? Você só me faz te amar mais e mais...

- Já sei, então! Não te chamo mais de meu amor, minha vida. Você é minha privada entupida!

2 comentários:

Adrielly Soares disse...

Parece um diálogo seu com o Tiago.
Eu imagino que seja bem assim.
HAHAHA

Beijo

Tiago de Paula disse...

[que risada assustadora a dela.]

lu,você me faz me sentir a casca de ferida mais amada do mundo,

sei que o texto não tem nada a ver comigo, mas adri@!#$!@#$y tem razão:
parece mesmo seu amor por mim.