- Eu te amo
- Eu te amo mais
- Mentira
- Você não acredita que eu te amo.
- Acredito, mas eu é que te amo mais
- Claro que não. Eu é que te amo muito mais
- Como é que você sabe?
- Simples, é impossível que você me ame mais do que eu te amo. Amor maior não há.
- Impossível é que eu seja mais brega do que você... Fora isso, é claro que eu amo mais, você não tem como saber
- Mas eu sei
- Sabe como?
- Eu sei, oras, e isso basta.
- “E isso basta”, aff, que tipo de argumento mais vazio é esse?! Aliás, isso nem é um argumento: é um não-argumento. E dos ruins.
- Desculpa, eu não sabia que tinha que redigir uma petição, um ofício e um memorando explicando que eu te amo e chamar perícia pra mensurar o quanto amo.
- Deixa de ser bobo! Eu só estou dizendo que não tem como você saber se me ama mais do que eu te amo.
- Então como é que você pode dizer que me ama mais?
- Porque é evidente que amo.
- Evidente? Evidente como?
- Ah, eu sou mulher, mulheres sabem dessas coisas.
- Não vale atribuir ao gênero! Quer dizer que eu sou geneticamente incapacitado de amar mais? Isso é absurdo!
- Não é absurdo! Mulheres são notoriamente conhecidas por serem mais sensíveis e sentimentais. Daí, eu amo mais.
- Não, você deve estar se confundindo: mulheres são notoriamente conhecidas por serem menos razoáveis. Daí, você é louca. E eu amo mais.
- Ei, eu sou razoável!
- Então você me ama mais ou menos. Porque uma pessoa razoável, não é oito nem oitenta, é o meio-termo.
- Aff! Eu odeio quando você vem todo cheio de lógica pra cima de mim!
- Você quem pediu, eu estava simplesmente dizendo que eu sei que amo mais e isso basta. Você que não aceitou.
- Então tá, me diz, por que você me ama?
- Por que eu te amo? Porque sim, ora!
- “Porque sim, ora!”, você está cheio de não-argumentos hoje!
- Ai, lá vamos nós de novo pra petição, o ofício e o memorando… Eu te amo porque… porque… ah, já sei! Porque você é luz, é raio, estrela e luar…
- Aff! Meu iaiá meu ioiô, mesmo, a essa hora?
- Por que? Tem hora própria pra isso?
- Não, aparentemente qualquer hora é hora de ser brega…
- Que mania de me chamar de brega!
- Não é mania, é apenas a constatação de um fato.
- Tá bom, mas eu sou o seu brega.
- Ownnn... Agora para de fugir do assunto. Por que você me ama?
- Hmmmm... Sabe aquele poema do Camões? O mais conhecido, que diz que o amor é fogo que arde sem se ver, ferida que dói e não se sente, é um contentamento descontente, é dor que desatina sem doer… Então, é assim que eu sinto por você e só por você.
- Ah, que lindo! Citando Camões! Se eu já te amava mais antes…
- Que cisma!
- O que posso fazer? Você só me faz te amar mais e mais...
- Já sei, então! Não te chamo mais de meu amor, minha vida. Você é minha privada entupida!
2 comentários:
Parece um diálogo seu com o Tiago.
Eu imagino que seja bem assim.
HAHAHA
Beijo
[que risada assustadora a dela.]
lu,você me faz me sentir a casca de ferida mais amada do mundo,
sei que o texto não tem nada a ver comigo, mas adri@!#$!@#$y tem razão:
parece mesmo seu amor por mim.
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