segunda-feira, 12 de março de 2012

Closure

Desculpa. Eu queria te amar, realmente queria... Até houve um tempo em que acho que amei, mas foi há tanto tempo, tantos anos se acumularam, tanta coisa aconteceu... Há séculos eu não sou mais aquela adolescente que te viu como uma criatura fantástica. Não, espera, não é bem assim. Você é ótimo e boa pessoa e tal, mas, naquela época, você era perfeito. Eu te via através dessas lentes cor de rosa e não havia defeitos, era você tudo o que eu queria, tudinho e até mais. Mas você embaçou minhas lentes, me fez tira-las, elas se empoeiraram, esquecidas num canto e, quando tentei recoloca-las, acho que quebraram. Não sei, ou elas perderam a cor, ou eu não gosto mais de rosa, ou a cor toda era minha e não delas... Sei lá. Agora vejo que você é ótimo sim, mas pra outra pessoa, não pra mim, nem de perto pra mim. Por mais que eu quisesse e, acredite, eu queria, eu queria querer, não temos nada a ver um com outro. Nadinha. Na verdade, acho que nunca tivemos, eu que me moldava a seu redor, acho que era feita de argila naquela época e ainda dava pra moldar, mas agora o barro criou forma, queimou, virou peça inteira, que não se encaixa na sua vida, nem como decoração. Meu Deus, como sou péssima em metáforas! Mas é isso, a ideia é essa: é melhor ficarmos assim, eu aqui, você aí, cada um no seu quadrado, com quase nada em comum. O que me consola é que você também não me ama, nem nunca amou. Você gostava de uma ideia e, sei lá, acho que eu nunca fui essa ideia, que, aliás, nem sei qual era! A gente se conhece faz o quê? Quinze anos? Quase isso? Mas de nada adianta tanto tempo, porque você não me conhece, você nunca nem se deu ao trabalho de tentar me conhecer. Já eu, quis saber tudo sobre você, e tentei, e descobri que você tem o umbigo do tamanho do mundo e não enxerga além dele. Eu sei que não é muito educado ou simpático chamar alguém de egoísta assim, na cara, mas é verdade, e talvez você precise de alguém pra te dizer isso, que você é egoísta e egocêntrico, porque você é, e não só em relação a mim. Você nunca se importou comigo de verdade e eu poderia ter ficado magoada, ressentida ou qualquer coisa, mas não, e foi aí que percebi que Eu também não te amo e que, quando achei que poderia tentar de novo e amar, não poderia estar mais errada... Eu achava que a gente podia escolher, que o amor era psicológico e bastava treinar a mente, mas descobri que, na verdade, é tudo coisa de pele, que nem frio: você sente ou não sente, não dá pra inventar. E é isso, acabou, adeus.

3 comentários:

Tiago de Paula disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Adrielly Soares disse...

Você é ótima com metáforas.
E o texto seguinte só reafirma isso.

Anônimo disse...

Simples, assim? E o paletó q ainda enlaça o vestido? E o sapato q ainda pisa no meu? Parafraseando o Chico, diz com q pernas/cara eu posso ir? Queria poder ser fácil assim!