domingo, 18 de novembro de 2007

Solidão

Passo dias olhando pro teto
de estrelas de plástico
que eu mesma pendurei.
Lá fora, passam as nuvens,
passa o sol,
passa a chuva,
passa a lua,
até as estrelas de verdade...
Lá fora tem gente gritando,
carros correndo
e buzinas tocando.

Aqui dentro, toca Jazz e Blues.
Um saxofone chora,
um piano vibra,
corações dançam
e espíritos flutuam...
Eu apenas ouço
e deixo o espírito se levar
em um mar de emoções alheias,
que encharcam as minhas próprias,
sem conseguir me lavar.

Leio palavras que nunca foram minhas,
nem para mim foram escritas,
mas não importa,
eu as tomo,
passam a ser minhas
assim que tocam os olhos
e se inscrevem na alma.

Palavras
que não formam o mundo
nem sobreviveriam à realidade,
mas estão salvas aqui,
dentro dos livros,
dentro de mim.

Coleciono imagens que nunca vi
numa galeria imaginária,
com outras que até vivi,
ou quase,
repintadas com as cores da memória.
Lembro de gente que inventei,
reinvento gente que conheci,
conheço gente de que nem me lembro...

Tudo acontece sob esse teto que me olha
com suas estrelas fluorescentes,
essa música que me ouve
sem piano e saxofone,
essas palavras que me lêem
sem mentiras e sem verdades,
e essas imagens que me pintam
com cores que nem existem...


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Não abandonei o blog, mas acho que estou em um hiato criativo. O que é quase estranho, considerando a introspecção que me tomou nessas últimas semanas... Estou atolada em coisas pra fazer (como sempre, aliás) e só passei aqui para mostrar que ainda vivo. O texto talvez não faça muito sentido, escrevi agora em, sei lá, cinco ou dez minutos (o tempo passa em um ritmo estranho no meu mundo). Não pensei muito sobre ele, não escolhi muito as palavras. Está tão desleixado e avoado quanto eu tenho estado. Talvez outro dia eu tente melhorá-lo. Eu tinha feito um acordo comigo mesma de não dar explicações e nem escrever a esmo quando comecei o blog neste endereço, mas não dá pra evitar. Tudo o que tenho escrito recentemente são conversas informais com o papel e, tendo em vista o "hiato criativo", o acordo meio que foi para o espaço. Mas por enquanto chega.
Tchau.

2 comentários:

Adrielly Soares disse...

Ahhhhh adorei tanto o texto...
e é de tão boa qualidade....
Sinceramente não sei se estranho i não ele ter saído assim tão rápido.
Estranho porque ficou muito bom e com as palavras
que parecem certas pra poderem se encaixar...
Não estranho porque sei escreves muito bem e eu adoro os seus comentários também.
x)

Não suma, gosto muito de teus textos.
Me fazem pensar, me fazem viver e também reviver momentos.
;* muieh

Cacau disse...

Putz, a gente tá sempre em sintonia em relação ao estado da psique mesmo! Também estou num "hiato criativo", ou, como dizia uma amiga minha, na "entressafra das letras". Mas acho que na verdade eu cansei ou / e enjoei do blog mesmo! Quanto ao poema, NÃO MEXA NELE! Está ótimo assim! Às vezes a gente tem essas fases de enclausuramento realmente, ficamos só no nosso mundinho, alheios ao que se passa no mundo externo, pelo menos no tempo presente... momentos de introspecção, mesmo. Tem um texto meu recente no blog com um personagem assim também, que se enclausura por dias num quarto inventando as horas como pode... E nesse mundo que a gente constrói, até as estrelas são penduradas por nós, e não temos tempo de ver as estrelas "reais". É como se entrássemos num casulo esperando a metamorfose pra depois sair voando por aí, sorvendo o néctar de várias flores desse "mundo, mundo, vasto mundo".

Bjs.