sábado, 29 de setembro de 2007

Breves Conceitos

Saudade é quando
a gente sente tanto
a presença da ausência
que chega a ficar
com gosto de sal
na boca.

...:...

Paciência
é a ciência
de andar
com passos
de bebê

...:...

Esperança
é quando
a espera dança
ao som de Elis,
de longo azul celeste,
feito criança

terça-feira, 25 de setembro de 2007

Implicância

Pego linha e agulha
pra me costurar em você...

Você já chega com a tesoura!

Perco então o fio da meada
e me enrolo.
Peço ajuda à desatadora de nós,
nossa senhora,
que me ensine a desatar-nos!

Começo a tecer uma colcha
de momentos.
Espalho as lembranças,
entrelaço-as cuidadosamente...
Depois de muito trabalho,
estendo a colcha no chão
pra você passar.

Mas você voa e nem vê!

Desisto,
não quero mais saber!
Dobro nosso memorial
com desvelo revoltado
e o acomodo em um baú,
que tranco a cadeado.
A chave, jogo fora...

E você a pega no ar!

quinta-feira, 20 de setembro de 2007

Assim

Se eu não sou exatamente
o que você queria,
paciência!

Você também não é
quem eu imaginava
e o quero, mesmo assim,
assim mesmo.

se você for
exatamente como imagino
igualzinho aos meus sonhos
eu vou embora
detesto desmancha-prazeres

(Martha Medeiros)

sábado, 15 de setembro de 2007

flor da pele

Pouso a mão sobre seu rosto,
quase sem tocá-lo.
Os dedos tremem, aflitos,
mapeando cada detalhe,
estampando em mim
a textura da sua pele

Meus sentidos se afloram
sentindo os seus,
Vagando nos versos derramados
pelo compasso da sua respiração

Enquanto dorme indefeso,
despetalo-me em alegrias,
maravilhada.
Como um bebê que ainda
não aprendeu a sentir medo.

quarta-feira, 12 de setembro de 2007

Tautologia

Meu corpo inteiro
sorri
ao vê-lo

Palavras se abraçam
ao pensar
em você

Sou repetitiva,
quase obcecada
Da boca pra dentro,
só falo em você

Faço versos sem rimas
que nunca tocarão
seus olhos

Tudo o que calo é da boca pra fora.

sábado, 8 de setembro de 2007

Endless

Faço muitos planos
que descem pelo ralo
e se perdem no esgoto

Então improviso

Tenho uns surtos
de inspiração,
outros,
psicóticos

com dedos sapateando o teclado,
escrevo coisas sem nexo
tento (em vão) fazer poesia do cotidiano
e viver as palavras que brotam de mim

...

e agora, o que dizer?
como termino?
Sei lá!
Eu mesma sou sem fim...